terça-feira, 4 de novembro de 2014

Carta á Eduardo Moscovis

Desde que assisti a peça de teatro do Eduardo Moscovis- OLIVRO- que eu não caibo em mim, de vontade de falar o que eu achei e senti vendo aquela peça, ou melhor dizendo, como eu interpretei tudo o que vi.
  No final da peça, ele explica que fez homenageando o pai de um amigo que ficou cego. E depois pediu para que as pessoas comentassem o que elas acharam da peça. As pessoas falaram de seus problemas, doenças na visão que já tiveram, ou que tiveram parentes, falaram de amigos cegos, falaram de si mesmas, e qndo chegou a minha vez de falar, qndo ele me deu a palavra, eu optei por não dizer o que senti, pois um monte de pessoas já havia falado, e eu fiquei com medo de parecer burra ou tola por pensar diferente, optei por apenas fazer uma piadinha e descontrair. Mas desde então que não paro de pensar nessa peça, ela simplesmente entrou na minha mente e me sinto arrependida de não ter dito a ele, o que eu senti naquele momento, o que eu entendi. Então resolvi escrever uma carta para Du Moscovis, mesmo sem saber onde entregar. Vou deixa-la aqui no meu blog, e quem sabe, por um acaso do destino, ele acabe lendo, assim me sentirei aliviada!



 Carta a Eduardo Moscovis.

 Araxá, 03-11-2014

 Querido Eduardo, eu fiquei completamente comovida com sua peça, O LIVRO, simplesmente magnífica.
E gostaria de contar a vc, o que eu entendi sobre sua peça, já que ela é um tanto qnto confusa, tensa e muito dramática!! Desde a primeira fala sua na peça, que entendi dessa forma que explicarei agora, e qndo terminou que vc falou q a peça era sobre cegueira, sinceramente eu discordei mentalmente mas acabei por não dizer nada.
  A sua peça no meu ver, fala de como um livro pode nos devorar. Do qnto é bom ler um livro bom. Sabe aqueles livros que começamos a ler e de repente não conseguimos mais parar?? Vc mostrou perfeitamente o que um bom livro pode causar noite a fora.  Começamos a ler, vamos nos envolvendo envolvendo, e perdemos o sono, qndo talvez iniciamos a leitura para ver se pegamos no sono. Eu vi um cara fechado em seu quarto, sendo devorado por um mundo de palavras, onde ele tentou várias vezes não terminar aquela leitura, mas o livro era mais forte que ele e o chamava. Ele bebeu algumas doses, tentou relaxar de outras formas, apagou a luz, acendeu a lanterna, brigou e lutou com seu cérebro, e lá estava ele, envolvido na leitura, sem conseguir parar. Abriu a janela, E fazia uma lua linda e enorme em Araxá, ele tentou pular partes do livro e terminar logo, mas infelizmente foi devorado pela historia.
   Sabe Dú, isso já aconteceu comigo, de começar a ler um livro sem pretensão alguma, e de repente me ver ali, desligada do mundo lá fora, cega para o mundo lá fora, e simplesmente dentro da historia. E só sossegar qndo lesse a última letra da última página, e ainda ler a capa de trás na tentativa de ter mais o que ler de tão bom que era. Dá um vazio qndo se chega ao final de uma história assim. A gente fica super pensativo, e anestesiado. E aquela historia, carregamos viva por dias...
  Acho que a cegueira é total, não só do pai do seu amigo, mas de toda a platéia! Ou será só minha que fui a única a entender completamente diferente de todo o resto?? São 04:35 da madrugada. Eu não consegui dormir, não tem lua, tem chuva, e o papagaio da sua história, daquele livro, já tentei encaixar de alguma forma sem sucesso. Eu qria saber qual era a historia do livro pra caber um papagaio?? Na verdade o drama era do leitor... Certamente vc nunca lerá essa carta, pra que comente e me diga se eu sou a cega ou se todo o resto, mas acho que sinceramente, todo pai, deveria deixar como herança para seus filhos, um bom livro!!
 Quem me deras se o meu tivesse deixado algum além daquele que trago na memória.
       A palavra do dia é PERCEPÇÃO!
 Parabéns pela performance, pelo talento impecável, pela entrega e por conseguir cegar a todos!!!
Vc é simplesmente demais!!

   Ass: Nanda Assis.


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